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Cursos e treinamentos da empresa contam como hora extra?

Para saber se os treinamentos da empresa contam como hora extra, é importante saber como funciona a legislação.

A CLT abrange os aspectos do trabalho para o empregador e o empregado e define um parâmetro para a aplicação dessas normas, que deve ser definida conforme o contexto.

Neste texto, além da aplicação da norma para os cursos e treinamentos que envolvem a rotina de algumas empresas, falarei sobre horas extras e os contextos em que são consideradas pela CLT.

Continue com a leitura.

O que é considerado hora extra?

As horas extras são um aspecto importante nas relações trabalhistas, pois garantem que os funcionários sejam compensados de forma justa por excederem sua jornada regular.

Elas são acionadas sempre que um colaborador ultrapassa o período padrão da jornada de trabalho estabelecido em seu contrato, podendo ocorrer por diversas razões como em casos de feriados e datas comemorativas.

Essas situações geralmente implicam em remuneração adicional para o trabalhador, como forma de compensação pelo tempo extra investido. Mas será que os treinamentos da empresa contam como hora extra?

O que diz a CLT sobre os cursos e treinamentos das empresas?

A legislação vigente estabelece que treinamentos obrigatórios ou essenciais para o desempenho da função do empregado fazem parte do tempo de serviço.

Portanto, o tempo dedicado a esses treinamentos é considerado horas efetivas de trabalho e está sujeito à remuneração normal. Isso se aplica não apenas a treinamentos realizados nas instalações da empresa, mas também a cursos externos.

A CLT desempenha um papel fundamental na proteção dos direitos dos trabalhadores no que diz respeito a treinamento e remuneração, garantindo que os trabalhadores sejam adequadamente compensados pelo tempo investido. 

Quando o curso/treinamento conta como hora extra?

Os treinamentos da empresa que contam como hora extra são aqueles que ultrapassam a jornada regular de trabalho estabelecida no contrato de trabalho do funcionário. 

Exemplo:

Se a jornada de trabalho é de oito horas diárias e o empregado precisa realizar um treinamento que dura duas horas além desse período, essas duas horas adicionais são consideradas como horas extras. 

Nesse caso, o colaborador tem direito a receber uma remuneração adicional pelas horas extras trabalhadas, de acordo com as regras estabelecidas na legislação.

Vale ressaltar que as horas extras também podem ser aplicadas em situações em que os treinamentos são realizados em feriados, folgas ou fora do horário habitual de trabalho.

Quando o curso/treinamento NÃO conta como hora extra?

Alguns treinamentos da empresa não se qualificam como horas extras. Treinamentos voluntários, não essenciais para a função, geralmente não contam como horas extras. 

Exemplo:

Se um funcionário escolhe fazer um curso adicional durante a jornada de trabalho que não seja necessário para sua posição, esse tempo não é considerado hora extra. 

A localização do treinamento também influencia, pois se o curso ocorrer fora da empresa, como em uma instituição externa, a análise de horas extras pode variar. 

É importante verificar se o empregado estava disponível para a empresa durante o treinamento ou dedicado exclusivamente ao curso, sem vínculo com suas atividades habituais. 

O que é considerado ‘tempo à disposição’ segundo a CLT?

O conceito de ‘tempo à disposição’ é essencial para determinar quando um colaborador está efetivamente trabalhando, mesmo sem tarefas específicas. 

A CLT inclui períodos em que o empregado aguarda ordens ou instruções do empregador, em locais determinados ou à disposição da empresa. 

Isso engloba intervalos entre atividades, quando o funcionário permanece pronto para retomar suas tarefas, e momentos de espera, como para atendimento ou deslocamentos. 

Exemplo:

Um atendente de suporte técnico em um call center trabalha das 9h às 18h. Entre as chamadas dos clientes, quando não está atendendo ativamente, ele permanece à disposição, pronto para responder a novas chamadas. 

Mesmo quando não está ocupado, não pode sair do escritório ou se envolver em atividades pessoais, pois deve estar disponível para o trabalho a qualquer momento. 

Esse tempo de disponibilidade é considerado ‘tempo à disposição’ e deve ser remunerado de acordo com a legislação trabalhista.

O ‘tempo à disposição’ é considerado tempo de serviço pela legislação, exigindo remuneração adequada, garantindo justa compensação quando os colaboradores estão à disposição da empresa, mesmo sem tarefas diretas.

Como os treinamentos on-line são considerados para fins de horas extras?

Com o avanço da tecnologia, os treinamentos on-line têm se tornado cada vez mais populares e acessíveis. A contabilização das horas extras relacionadas a esses treinamentos, contudo, pode gerar dúvidas.

Em geral, os treinamentos on-line são tratados da mesma forma que os treinamentos presenciais no que diz respeito às horas extras.

Se um empregado é obrigado a realizar um treinamento on-line como parte de suas responsabilidades de trabalho e o faz fora de sua jornada regular, esse tempo é contabilizado como hora extra.

Da mesma forma, se um treinamento on-line opcional for realizado fora do horário de trabalho, pode não ser tido como hora extra, a menos que haja um acordo específico entre o empregador e o empregado.

Conclusão

O tratamento dos treinamentos da empresa como horas extras não é um campo homogêneo, mas sim um terreno complexo permeado por situações legais e contextuais.

A legislação apresentada pela CLT estabelece parâmetros fundamentais, porém a aplicação dessas diretrizes requer discernimento e consideração de variáveis específicas.

Compreender quando os cursos e treinamentos da empresa contam como hora extra é uma etapa crucial na garantia de direitos e na justa remuneração dos colaboradores.

Gostou do artigo? Em caso de dúvidas ou problemas com o assunto, entre em contato com um advogado especialista.

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